Fiscal de zona azul atua como agente de trânsito

As funcionárias fazem o registro, que são enviados online para a Semuttran. "Origem das provas não advém de um agente de trânsito", falou especialista.
O empresário Agnaldo Pedroso, de 45 anos, acusa a Prefeitura de Piracicaba (SP) de utilizar, de forma irregular, os dados gerados pelas funcionárias que fazem a notificação da Zona Azul para aplicar multas aos usuários que não pagam o parquímetro. "As colaboradoras da Estapar fazem o registro da irregularidade. Se a situação não for regularizada até às 18h do dia seguinte, as informações são passadas online para a Semuttran, que gera a multa", disse.
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, no artigo 280, a infração deve ser comprovada por declaração da autoridade ou do agente da autoridade de trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual, reações químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente disponível, previamente regulamentado pelo Conselho Nacional de Trânsito, o que não acontece em Piracicaba, já que o agente de trânsito nem sempre checa "in loco" o veículo irregular.

Pedroso contesta a Prefeitura neste sentido, já que não é o agente de trânsito que efetua o registro do estacionamento irregular nas vagas da Zona Azul, seja no Centro ou em em áreas comerciais.
Uma funcionária da Estapar confirmou a informação do empresário à reportagem do G1 Piracicaba. “Nós fiscalizamos os carros. Se não houver o tíquete do parquímetro, passados 10 minutos, nós tiramos a foto e colocamos a notificação. Se o usuário não pagar a pós-utilização, a empresa repassa os dados para a Semuttran”, contou a funcionária, que pediu para não ser identificada.

Questionada sobre a presença dos agentes de trânsito da Semuttran na aplicação das multas, a funcionária respondeu: “os agentes de trânsito não passam, nós notificamos e, se o usuário não efetuou o pagamento da notificação, a empresa envia automaticamente dados para a Semuttran multar”, explicou a funcionária.

Especialista em Trânsito
O especialista em trânsito Rogério Alves afirma que as multas aplicadas pela Prefeitura são contestáveis. “Há uma controvérsia jurídica, porque o agente de trânsito da Prefeitura não é funcionário da Estapar, portanto, a origem das provas não advém de um agente de trânsito, o que é exigido pelo Código Brasileiro de Trânsito”, explicou.
Atualmente, as funcionárias da empresa tiram a foto, colocam as informações do veículo e localização por um aparelho fazendo o registro, o que é questionável. “O certo seria um agente de trânsito fazer esse registro e não a funcionária da empresa.”

Reclamação da Multa
Pedroso também contesta a notificação de autuação de infração de trânsito enviada pela Prefeitura, que não tem a fotografia do veículo e nem o número de identificação do equipamento exigidos pelo Código de Trânsito Brasileiro.

O outro lado
A empresa Estapar, por meio da assessoria de imprensa, informou que a Semuttran visualiza online e verifica os arquivos dos registros emitidos pelas agentes da Estapar. E é a partir destas informações que as multas serão processadas ou não pelo departamento de trânsito. A empresa ainda ressalta que a emissão de multas é um critério exclusivo da Semuttran, já que a Estapar não tem nenhum acesso e/ou interferência neste procedimento.
A Prefeitura de Piracicaba foi procurada diversas vezes pela equipe de reportagem do G1 e, desde o final do ano passado, não enviou resposta. Nova solicitação foi enviada à equipe de comunicação do novo prefeito de Piracicaba, Gabriel Ferrato (PSDB), mas também sem sucesso. Fonte: G1 Notícias

2 comentários:

Anônimo disse...

Os muncipios estão brincando com o CTB e afrontando o contribuinte atraves de quem deveria fazer cumprir as leis, e cade a punição a esses administradores infratores.

Anônimo disse...

isso não é uma exclusividade da secretaria de piracicaba, existe em varias cidades, ex tabõao da serra isso tb acontece assim como a GCM fazer autuaçoes, isso é uma vergonha

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