Motoqueiros bêbados levam perigo às ruas e estradas do Brasil

REPORTAGEM ESPECIAL DO FANTÁSTICO
Edição do dia 15/01/2012

O Brasil vive uma epidemia gerada por uma mistura mortal: álcool e motocicleta. Sem preocupação com a própria segurança ou com a dos outros, eles bebem e pilotam motos pelas ruas e estradas do país
A reportagem especial do Fantástico deste domingo mostra como uma mistura explosiva, álcool e motocicleta, está tirando a vida de brasileiros. Sem preocupação com a própria segurança ou com a dos outros, eles bebem e pilotam motos pelas ruas e estradas do país. O problema é mais grave no Nordeste.
A vida por um fio sobre duas rodas: os números comprovam. A morte chega na velocidade da imprudência, do desrespeito às leis e da falta de fiscalização. O Brasil vive uma epidemia gerada por uma mistura mortal: álcool e motocicleta. Todo fim de semana é assim: o vaqueiro Moisés Mesquita se encontra com os amigos para beber umas pingas e, no caminho de casa, ainda costuma parar para tomar a saideira.
Fantástico: Você está em condições de dirigir?
Moisés Mesquita: Daqui até o Rio de Janeiro. Só tomei só três doses.
Fantástico: O senhor tem habilitação?
Moisés Mesquita: Não tenho, não. A leitura é pouca.
Já se foi o tempo em que Moisés trabalhava como Zé Nilton, um dos poucos vaqueiros nordestinos que ainda se vê em cima de um cavalo no interior de Sergipe. Atualmente, a grande maioria deles não quer nem saber do animal. “Nós tínhamos uma média de oito cavalos. Agora, só temos dois”, contou o vaqueiro Antônio Marcos Lima.
Nos pastos do sertão nordestino, a paisagem mudou. Agora, o gado é tocado de cima da moto. A justificativa é que a gasolina é mais barata. “Você tem que dar ração, milho e tal. Na moto não. Você passa no posto, bota gasolina e manobra a semana inteira”, explicou o vaqueiro.
As concessionárias de moto nunca venderam tanto como nos últimos dez anos. Em 2001, a frota brasileira era de pouco mais de 4,6 milhões de motos. Hoje, passa de 18 milhões, quatro vezes mais.
O Nordeste é o maior mercado consumidor. No ano passado, comprou 35% das motos vendidas no país. Três estados lideram o ranking de mortes envolvendo motocicletas. No Rio Grande do Norte, correspondem a 42% das vítimas. Em Sergipe, 44%.
Mas é no Piauí que os números denunciam a tragédia: os motociclistas representam quase a metade das pessoas que morrem no trânsito. “Em grande parte, quase 90% dos acidentes com moto que chegam ao hospital, o álcool está envolvido. Não há dúvida”, afirmou neurocirurgião Daniel França
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